10627 - Agricultura urbana na comunidade do morro do escorpião: o que podemos aprender?

Autores

  • ALEIXO Fonseca Aleixo Universidade Federal de Viçosa
  • Vladimir Dayer
  • Anôr Fiorini

Palavras-chave:

Agricultura Urbana, Desenvolvimento Social, Agroecologia, Segurança Alimentar, Plantas medicinais.

Resumo

Um dos grandes desafios enfrentados pela sociedade contemporânea é a ocupação indevida dos centros urbanos, já que nesse processo não são garantidas às populações migrantes as condições básicas de vida, tais como empregos e moradia de boa qualidade, saneamento básico, segurança alimentar, acesso à saúde e educação. Além disso, o espaço urbano caracteriza-se pela ausência das práticas tradicionalmente desenvolvidas no local de origem, o que implica em uma progressiva perda da identidade rural da população. A prática agrícola no ambiente urbano, que compreende o exercício de diversas atividades relacionadas à produção de alimentos e conservação dos recursos naturais, surge como estratégia efetiva de fornecimento de alimentos, de geração de empregos, além de contribuir para a segurança alimentar e melhoria da nutrição dos habitantes das cidades. A prática agrícola desenvolvida nas cidades tem grande importância para a garantia de alimentos diversificados e frescos, e auxilia na manutenção de práticas agrícolas desenvolvidas tradicionalmente no local de origem. Esses trabalhos tem importância especial em comunidades periféricas, onde os problemas decorrentes do rápido crescimento urbano são mais acentuados, e os níveis de renda familiar são mais baixos. Na comunidade periférica do Morro do Escorpião em Viçosa, MG, são desenvolvidos trabalhos espontâneos de agricultura urbana, que auxiliam a população na diminuição de problemas de segurança alimentar e saúde, além de propiciar uma melhoria na auto-organização da comunidade, atuando diretamente na qualidade de vida dessas famílias. Desde 2008, os trabalhos desenvolvidos na comunidade são acompanhados por estudantes da Universidade Federal de Viçosa, que a partir do contato com o morador e agricultor urbano Daniel da Silva tem atuado promovendo a valorização e ampliação dessa prática dentro da comunidade, visando uma maior organização social do grupo de agricultores. As atividades desenvolvidas têm a agroecologia como enfoque científico e metodológico, objetivando aprofundar o processo de construção e o entendimento da agroecologia na região, bem como viabilizar o desenvolvimento de tecnologias participativas que melhorem a qualidade de vida da população por meio da aplicação de princípios básicos como a segurança alimentar, organização da comunidade e sustentabilidade em suas dimensões ambiental, social e econômica. A partir de visitas periódicas, turnê guiada, questionário semi-estruturado, observação participante e técnicas de pesquisa ação, investigamos sobre o histórico de formação da comunidade e questões relacionadas às principais práticas de manejo agrícola utilizadas. Os principais temas trabalhados a partir da atuação dos estudantes na comunidade foram segurança alimentar, questão ambiental e ecológica, problemática do lixo, saúde e plantas medicinais e organizações sociais, envolvendo direta e indiretamente 60 famílias. O trabalho apresentado aqui tem por objetivo não apenas descrever o projeto realizado na comunidade e as diversas formas de conhecimento da população, mas busca aprofundar a discussão a respeito da experiência em agricultura urbana no morro do Escorpião, apresentando uma reflexão da atuação de estudantes universitários na comunidade. Os agricultores urbanos da comunidade possuem vasto conhecimento em relação às práticas agrícolas, chegando a Viçosa em busca de melhores condições de vida e se alocam nas áreas periféricas da cidade. Os estudantes universitários carregam consigo bagagens de anos de estudo, muitas técnicas e vontade de construir algo novo, porém enfrentam dificuldades no momento de aplicar metodologias participativas e se envolver na comunidade. O aprendizado que vem sendo desenvolvido nesses anos de contato entre estudantes da UFV e moradores da comunidade periférica do morro do Escorpião, tem possibilitado o desenvolvimento consciente de uma relação mais simétrica entre esses públicos, auxiliando na quebra de preconceitos entre grupos até então vistos como muito distintos.

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Publicado

2011-11-13

Edição

Seção

VII CBA - 2. Sociedade , Saúde e Soberania alimentar