10664 - Campesinato, Agroecologia e a Convivência Com o Semiárido Cearense
Palavras-chave:
Campesinato, Agroecologia, Jovens rurais e Educação do CampoResumo
A presente pesquisa está sendo desenvolvida em Independência – CE e investiga experiências de jovens alunos da Escola Família Agrícola (EFA) Dom Fragoso que estão trabalhando com Agroecologia em suas unidades de produções. O estudo ressalta a importância de experiências no contexto do semiárido, onde há também atividades desenvolvidas pela agricultura convencional que trazem inúmeras conseqüências negativas entre outras o processo de desertificação. Os procedimentos metodológicos desta pesquisa consistem em levantamento bibliográfico, trabalhos de campo e aplicação de questionário. As experiências agroecológicas são significativas e trazem contribuições para o desenvolvimento socioeconômico do meio rural e ao mesmo tempo trazem uma convivência sustentável e em equilíbrio com o meio ambiente. Palavras – Chaves: Campesinato, Agroecologia, Jovens rurais e Educação do Campo Abstract This research is being developed in Independence - CE and investigates the experiences of young students of the Escola Família Agrícola (EFA) Dom Fragoso who are working with Agroecology in their production units. The study highlights the importance of experiences in the context of semi-arid region, where there are also activities carried out by conventional agriculture that bring many negative consequences, among others the process of desertification. The methodological procedures of this research consist of literature review, fieldworks and questionnaire applications. Agroecological experiences are significant and bring contributions to the socioeconomic development of rural areas and, at the same time, bring a sustainable and balanced coexistence with the environment. Keywords: Peasantry, Agroecology, Rural Youth and Rural Education Metodologia A presente pesquisa está sendo desenvolvida no município de Independência, estado do Ceará, cujo acesso principal se dá pela BR 020 e BR 226, possuindo uma distância de aproximadamente 309 quilômetros com a capital. Este estudo busca identificar as unidades geoambientais desta área, bem como explanar as tradicionais e modernas formas de uso da terra que são desenvolvidas nesta região cearense. Explanado as experiências de jovens camponeses da Escola Família Agrícola Dom Fragoso, que estão trabalhando de forma agroecológica em suas produções agrícolas, analisando quais são as mudanças na relação sociedade – natureza que ocorre quando a agroecologia faz parte do contexto local. Este estudo está ligado ao projeto de pesquisa de Iniciação Científica do CNPq desenvolvido pelo Laboratório de Estudos Geoeducacionais (LEGE) do departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Esta pesquisa busca ter um caráter interdisciplinar, dialogando com outras ciências como a Agronomia, a Sociologia e a Pedagogia, buscando possuir uma análise holística do contexto do campo brasileiro e principalmente cearense. O município de Independência se localiza na região Centro - Norte do Ceará. Pereira e Silva (2007) explanam que a compartimentação geológica – geomorfológica desta área faz parte da depressão sertaneja, possui solos que se caracterizam por serem pouco profundos, razoavelmente férteis, arenosos, imperfeitamente drenados e salinos. Tendo como vegetação a Caatinga e o clima o tropical semiárido, onde o período chuvoso se concentra de fevereiro a abril. São várias as práticas sociais que causam diversas problemáticas nesta região, exemplo são os desmatamentos, as queimadas, a criação extensiva da pecuária e o uso de agrotóxicos nas culturas. Essas práticas têm fortalecido a elevação do processo de degradação do solo e da biodiversidade desta localidade e tornando-a vulnerável e suscetível ao processo de desertificação. Nesse contexto da utilização de técnicas pela agricultura convencional, surge à ideia de mudar os hábitos do campesinato lidar com a terra, compreendendo agora a terra não mais como mercadoria, ou como recurso inesgotável a mercê das atividades humanas e sim como fonte de vida, essencial para quem mora e depende do campo, portanto, precisando ser preservada. Analisamos, assim, a inserção da agroecologia na Escola Família Agrícola Dom Fragoso. Para Marcos (2007) a agroecologia é compreendida como abordagem da agricultura que integra diversos aspectos agronômicos, ecológicos e socioeconômicos para a produção de alimentos. Essa forma de uso da terra pode ser um caminho capaz de realizar a crítica da agricultura convencional e orientar o correto manejo e uso de agroecossistemas. Na EFA Dom Fragoso essa leitura é reafirmada no trabalho nas dezoito unidades produtivas da escola, entre elas a mandala e a casa de sementes. Nessa última os alunos aprendem a selecionar e coletar as sementes crioulas, fortalecendo a cultura de negação aos transgênicos e a favor das sementes naturais. Na mandala os alunos aprendem a plantar diversos tipos de hortaliças, plantas medicinais, legumes e fruteiras em espaço relativamente pequeno com sistema de distribuição de água autossuficiente. A mandala diversifica a produção e o sistema funciona de forma integrada. A ideia da EFA Dom Fragoso é de trabalhar com agroecossistemas sustentáveis e viáveis com a realidade local. Como afirma Duarte (2009) a Agroecologia vai além da produção de alimentos é uma revolução nas relações de produção no campo, repensando os insumos, as técnicas, os sujeitos envolvidos e a natureza no processo de produção, relevando as questões agrárias. A EFA Dom Fragoso promove uma prática educativa contextualizada com a realidade do aluno, propondo estratégias pedagógicas focada na formação técnica e humana de jovens camponeses. Esta instituição trabalha no viés da Pedagogia da Alternância que se desenvolve na perspectiva: tempo escola, tempo comunidade. Desse modo, os estudantes alternam 15 dias na escola e 15 dias na unidade de produção familiar, onde devem por em práticas as técnicas agroecológicas que estudaram e praticaram na escola. Os alunos têm na EFA as disciplinas convencionais exigidas pelo MEC, como Geografia e História. Possui também disciplinas diferenciadas, por exemplo: Economia Doméstica, Educação Ambiental e Agroindústria Familiar. Essas disciplinas são trabalhadas em salas de aula de forma contextualizada com as unidades produtivas. Os procedimentos metodológicos desta pesquisa consistem em leituras de artigos e livros que trabalhem com esta temática, trabalhos de campo, vivências na escola, onde foram realizados registros fotográficos, anotações de campo, aplicação questionários, entrevistas e a elaboração de relatório. Compreende-se que o estudo tem um caráter qualitativo e participativo. Resultados/Discussão Esta pesquisa defende a ideia de que pequenas ações mesmo na esfera local são significativas e que a sociedade deve procurar viver em equilíbrio com o meio ambiente, compreendendo que não se deve viver dissociado da natureza e que depende desta para sua sobrevivência, o que implica em olhar para os recursos naturais como algo a ser utilizado de forma racional e não predatória. A pesquisa em andamento apresenta algumas considerações e resultados parciais. Diante da análise teórica e das visitas a campo, das vivências com os alunos e monitores da EFA Dom Fragoso constatou-se que essa instituição vem promovendo uma educação diferente que resgata o valor da terra, objetivando formar os jovens assentados em agricultores familiares autossustentáveis, contribuindo para o sucesso e a autonomia dos mesmos. A negação ao transgênico e a monocultura, a construção da consciência ambiental e a valorização da terra faz parte da filosofia desta escola. A agroecologia está presente na EFA como forma de construir novo modo de se relacionar com o ambiente, no caso o semiárido, e abdicar das práticas predatórias e o modelo de agricultura convencional. As experiências agroecológicas desenvolvidas na escola são refletidas nas comunidades onde os alunos moram juntamente com o acompanhamento dos monitores, o que vem propiciando uma alternativa de renda e um desenvolvimento social no campo. A EFA Dom Fragoso é exemplo de trabalho que resgata antigos saberes, passados de geração a geração e unifica formação científica e técnica. Assim, é possível a construção de um projeto de desenvolvimento rural considerando a convivência sustentável e a integração de elementos ecológicos e socioeconômicos do sertão semiárido. Bibliografia Citada DUARTE, Luciana Rodrigues Ramos. Transição Agroecológica: Uma Estratégia Para a Convivência Com a Realidade Semi-Árida do Ceará. 2009. Curso de Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós - graduação Mestrado em Geografia, UFC, Fortaleza, 2009. MARCOS, V, de. Agroecologia e Campesinato: Uma Nova Lógica para a Agricultura do Futuro, Revista Agrária, São Paulo, nº 7, pp. 4-32, 2007. PEREIRA, C. M. P.; SILVA, E. V. Solos e vegetação do Ceará: características gerais. In: BORZACCHIELLO, José; CAVALCANTE, Tercia; DANTAS, Eustógio W. (Orgs). Ceará: um novo olhar geográfico. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2007.Downloads
Publicado
2011-11-12
Edição
Seção
VII CBA - 4. Agroecologia e os Biomas brasileiros