Plantas ruderais com potencial para uso alimentício

Autores

  • Maria José Neto UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL http://orcid.org/0000-0002-5323-5378
  • Ana Carolina Domingos Maluf Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas
  • Thomás Floriano Boscaine Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas

Palavras-chave:

plantas urbanas, espécies ruderais, alimentação alternativa.

Resumo

As plantas que crescem espontaneamente em terrenos baldios, frestas de calçadas e muros, em áreas urbanas são chamadas ruderais. Muitas destas plantas são cultivadas como alimentícias, medicinais, ornamentais ou aparecem como invasoras em hortas e jardins, enquanto outras são remanescentes da flora local. O presente trabalho foi realizado na zona urbana e periférica de Três Lagoas-MS, com observações mensais e coletas de dados taxonômicos e quanto ao uso destas plantas como alimentícias. Foram considerados como terrenos baldios aqueles que apresentavam características típicas de alterações devidas às atividades humanas, como abandono ou presença de restos de construções. Os trabalhos de campo permitiram o registro de 53 espécies, distribuídas em 46 gêneros e 28 famílias com potencial para utilização como alimento humano. As famílias Amaranthaceae e Fabaceae contam com 05 espécies; Asteraceae, Brassicaceae e Lamiaceae com 04 espécies; Oxalidaceae e Solanaceae com 03 espécies, Convolvulaceae, Malvaceae e Talinaceae com 02 espécies e as demais famílias como Apiaceae, Annonaceae, Arecaceae, Bixaceae, Begoniaceae, Cactaceae, Cucurbitaceae, Cyperaceae, Lecythidaeae, Moraceae, Nictaginaceae, Piperaceae, Polygalaceae, Portulacaceae, Turneraceae, Urticacae e Zingiberaceae contam com apenas uma espécie cada. Quanto às partes das plantas utilizadas, foram subdivididas em folhas e ramos, folhas, flores e frutos; flores; frutos; sementes; rizomas, raízes e cormos. A porcentagem das citadas partes ficou assim distribuída: 54,70% para folhas e ramos; 15,09% para frutos; 11,32% para sementes; 9,43% para folhas, flores e frutos; 5,66% para rizomas, raízes e cormos e 3,77% para flores. Os dados obtidos apontam que a plantas ruderais apresentam potencial alternativo para alimentação humana.

Biografia do Autor

  • Maria José Neto, UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
    BIÓLOGA, MESTRE EM BOTÂNICA E DOUTORA EM AGRONOMIA CAMPUS II DA UFMS
  • Ana Carolina Domingos Maluf, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas
    Acadêmica do curso de Ciências Biológicas-Licenciatura.
  • Thomás Floriano Boscaine, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Três Lagoas
    Acadêmico do curso de Ciências Biológicas-Licenciatura.

Referências

ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP II. “An update of the a angiosperm phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants: APG II”. Botanical Journal of the Linnean Society, London, v.41, p.399-436, 2003.

ASFAW, Z.; TADESSE, M. Prospects for sustainable use and development of wild food plants in Ethiopia. Economic Botany, Porto Alegre, v.55, n.1, p.47-62, 2001.

BERTIN, R.I. Losses of native plants species from Worcester, Massachusetts. Rhodora, Darmstadt, v.104, n.920, p.325-349, 2002.

BLAIR, R.B. Birds and butterflies along urban gradients in two ecoregions of the U.S. In: LOCKWOOD, J.L.; McKINNEY, M.L. (Ed.) Biotic Homogenization. Norwell: Kluwer, 2001. p.33-56.

BRIGGS, D.; WALTERS, S.M. Plant variation and evolution. Cambridge: Cambridge University, 1984. 412p.

CARNEIRO, A.M. Vegetação ruderal da Vila de Santo Amaro, Município General Câmara, RS, BR. – Ruas, muros, terrenos baldios e passeios públicos. Porto Alegre, 1998. 174f. Dissertação (Mestrado em Botânica). Departamento de Botânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 1998.

CARNEIRO, A.M.; IRGANG, B.E. Origem e distribuição geográfica das espécies ruderais da Vila de Santo Amaro, General Câmara, Rio Grande do Sul. IHRINGIA, Série Botânica, Porto Alegre, v.60, n.2, p.175-188, 2005.

DURIGAN, G.; BAITELO, J.B.; FRANCO, G.A.D.C.; SIQUEIRA, M.F. Plantas do cerrado paulista - imagens de uma paisagem ameaçada. São Paulo: Páginas & Letras Editora e Gráfica, 2004. 475p.

FONT QUER, P. Diccionario de botânica. Barcelona: Editorial Labor, 1983. 1244p.

GALVÃO, W.; SANTOS, A.C.; PIACESKI, C; GOOD, P.L.; NUCCI, J.C. Conservação da natureza no município de Curitiba-PR. Revista GEOUERJ, número especial, 2003. 1CD- ROM.

GARCILLÁN, P.P.; REBMAN, J.P.; CASILLAS, F. Flora urbana de Enseada, Baja Califórnia: hootspot de plantas não nativas. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE FLORA SILVESTRE EM ZONAS ÁRIDAS, 6., La Paz, 2008. Anais... La Paz: Centro de Investigaciones del Noroeste, 2008.

GOOD, R. The geography of the flowering plants. London: Longman, 1974. 557p.

GRIMMING, G. Plantas ruderais. Rio de Janeiro: Editora da UERJ, 1995. 35p.

GUREVTCH, J.; SCHEINER, S.M.; FOX, G.A. Ecologia vegetal. Artmed:Porto Alegre, 2009. v.2, 592p.

HAIG, M.J. Ruderal communities English cities. Urban ecology, Chicago, v.4, n.4, p.329-338, 1980.

KINUPP, V.F.; LORENZI. H. Plantas alimentícias não convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação,aspectos nutricionais e receitas ilustradas. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2014

KOWARIK, I. On the role of species in urban flora and vegetation. In: PYSEK, P.; PRACH, K.K.; REJMANEK M.; WADE, M. Plant invasions: general aspects and special problems. Amsterdam: SPB Academic Publisher, 1995. p.85-103.

McKINNEY, M.L. Urbanization as a major cause of biotic homogenization. Biological Conservation, Knoxville, v.127, n.3, p.247-260, 2006.

MIESS, M. The climate of cities. In: LAURIC, I.C. (Ed.). Nature in cities: The natural environment in the design and development of urban green space. New York: John Wiley, 1979. p.91-114.

NETO, M.J.; CASSIOLATO, A.M.R. Plantas ruderais com potencial medicinal na Vila Piloto, cidade de Três Lagoas/MS. In BANKOFF, A.D.P.; JURADO, S.R.;SOUSA, M.A.B. Saúde e ambiente. Jundiaí, Paco Editorial: 2014. p. 219-245.

RAPOPORT, E.H.; EZCURRA, E.; DRAUSAL, B. The distribution of plant diseases: a look into the biogeography of the future. Journal of Biogeography, Hamburg, v.3, n.4, p.365-372, 1976.

RAPOPORT, E.H. Tropical versus temperate weeds: a glance into the present and future. In: RAMAKRISHNAN, P.S. Ecology of biological invasions in the tropics. New Delli: International Scientific Publications, 1991. p.41-52.

RAPOPORT E, H.; DÍAZ-BETANCOURT, M.E.; LÓPEZ-MORENO, I.R. Aspectos de la ecología urbana en la ciudad de México. México: Editorial Limusa, 1983. 197p. (Instituto de Ecología y Museo de Historia Natural de la Ciudad de México)

SUKOPP, H.; BLUME, H.; KUNICK, W. The soil, flora and vegetation of Berlin’s waste lands. In: LAURIE, I.C. (Ed.) Nature in cities: the natural environment in the design and development of urban green space. New York: John Wiley, 1979. p.115-132.

SUKOPP, H.; TREPL, L. Extinction and naturalization of plants species as related to ecosystem structure and function. Ecological Studies, Berlim, v.61, p.245-276, 1987. In: MARZLUFF, J.M.; SHULENBERGER, E.; ENDLICHER, W.; ALBERTI, M.; BRADLEY, G.; RYAN, C.; SIMON, U.; ZUMBRUNNEN, C. (Eds.) Urban ecology: An International perspective on the interaction between humans and nature. Berlim: Springer, 2008. p.321-338.

SUKOPP, H.; WERNER, P. Naturaleza en las ciudades: desarrollo de flora y fauna en áreas urbanas. Madrid: Ministerio de Obras Públicas y Transportes- MOPT, 1991. (Monografías de la Secretaria de Estado para las Políticas del Agua y el Medio Ambiente)

SUKOPP, H.; SCHMITZ, S.; MAURER, U.; ZERBE, S. Biodiversity in Berlin and its potential for nature conservation. Landscape and Urban Planning, Berlin, v.62, n.3, p.139–148, 2003.

TIVY, J. Biogeography: a study of plants in the ecosphere. London: Longman, 1993. 452p.

Downloads

Publicado

2017-01-22

Edição

Seção

Agroecol 2016 - Outros Temas