12570 - Efeito da concentração do de composto orgânico enriquecido com dejetos suínos em alguns aspectos biológicos de Spodoptera cosmioides (Walk.) (Lepidoptera: Noctuidae) alimentada com plantas de milho (Zea mays L.).

Resumo

Minimilho é o nome dado à espiga de milho jovem, em desenvolvimento, é utilizado para alimentação humana. Quanto às práticas agrícolas que podem influenciar a sua produtividade e a qualidade estão a semeadura e a adubação. A adubação realizada através de fertilizantes naturais é comumente utilizada na agricultura orgânica, pode ser realizada através de composto orgânico enriquecido com dejetos suínos. Estudos relacionados à biologia de insetos têm grande importância para se conhecer práticas nos programas de Manejo Integrado de Pragas. Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da concentração do composto com de dejetos de suínos, em alguns aspectos biológicos de S. cosmioides. Verificou-se que entre os maiores pesos foram quando as larvas se alimentaram de plantas cultivadas com 150 e 250 tha-¹ Entretanto o menor peso foi o de 50 tha-¹. Ou seja, em maiores concentrações a um melhor desenvolvimento das larvas em termos de biomassa. Palavras-Chave: Agricultura orgânica; biomassa larval; praga. Abstract: Baby corn is the name given to the young ear of corn, under development, is used for human consumption. The agricultural practices that can influence your productivity and quality are seeding and fertilization. Fertilization achieved through natural fertilizer is commonly used in organic agriculture can be achieved through organic compound enriched with swine manure. Studies related to the biology of insects are of great importance to know in practical programs Integrated Pest Management. Therefore, the objective of this study was to evaluate the influence of the concentration of the compound with pig slurry in some biological aspects of S. cosmioides. It was found that among the greatest weight when the larvae were fed plants grown with 150 and 250 t ha-¹ However, the lower was the weight of 50 t ha-¹. That is, in higher concentrations to the further development of the larvae in terms of biomass Key Words: Organic agriculture; larval biomass; pest. Introdução O minimilho, também conhecido como “baby corn”, é o nome dado à espiga de milho jovem, em desenvolvimento, não fertilizada, ou ao sabugo jovem da espiga de uma planta de milho (Galinat & Lin, 1988). As plantas para produção de minimilho são semelhantes às de milho normal, e não são, como poderia ser assumido, plantas anãs (Miles & Zens, 1998). No Brasil, a produção de minimilho (Zea mays L.) ainda é inexpressiva, apesar de os mercados interno e externo O colmo, as folhas, as palhas e os estilosestigmas das plantas para produção de minimilho podem ser utilizados para a alimentação animal, por serem ricos em nutrientes, especialmente proteínas, que podem variar de 6 a 14%. Isso permite que os produtores de minimilho possam ter uma renda adicional na comercialização desses produtos (Lekagul et al., 1981). Quanto às práticas agrícolas que podem influenciar a produtividade e a qualidade do minimilho, Pereira Filho et al. (1998a) consideraram como principais a densidade de semeadura e a adubação. A adubação pode ser realizada através de fertilizantes químicos ou naturais. Esta segunda opção é comumente utilizada na agricultura orgânica, pois causa danos menores ao ambiente, quando usadas de maneira correta. Convencionou-se chamar de agricultura orgânica todos os modelos de agricultura alternativa em que a produção de alimentos bane o uso de produtos químicos sintéticos. Nesses modelos alternativos encontram-se: Agricultura Orgânica, Agricultura Biodinâmica, Agricultura Biológica e Permacultura; há ainda a Agroecologia, que engloba em suas reflexões as questões sociais (Bonilla, 1992). Quanto à ocorrência constante de pragas na agricultura convencional, Charboussou (1987) desenvolve uma contundente teoria: a susceptibilidade da planta insetos está diretamente ligada a fatores como a adubação mineral e o uso de pesticidas, que interferem no equilíbrio entre a síntese e a decomposição de proteínas no processo de crescimento vegetal. De acordo com essa teoria, a planta com nutrição equilibrada apresenta uma resistência natural a insetos, pois se compõe de maior quantidade de proteína e menor de aminoácidos. A adição dos dejetos de suínos ao solo tende a ser prática relativamente comum, principalmente, para fertilização de forrageiras, fruteiras, cafezais etc, podendo assim, reduzir o efeito poluidor desses resíduos. A incorporação de matéria orgânica nos solos, na forma de esterco animal ou de compostos orgânicos, aumenta a capacidade de troca catiônica e proporciona a melhoria na estrutura, caracterizada pela diminuição da densidade aparente, aumento da porosidade e da taxa de infiltração de água. Além disso, promove o aumento da capacidade de armazenamento de água e diminui os riscos de encrostamento superficial (Kiehl, 1985; Grebus et al., 1994; Maynard, 1994). O uso do dejeto líquido gerado na suinocultura, como fonte de nitrogênio para a compostagem de resíduos de culturas agrícolas tem sido identificada como alternativa promissora para a destinação desses resíduos poluentes. (Igue & Pavan, 1984). Spodoptera cosmioides (Walk.) é uma espécie polífaga e alimenta-se de grande número de plantas cultivadas e espontâneas. No Brasil, as culturas do abacaxi (mudas), (Bertels 1953, Silva et al. 1968, Santos et al. 1980). De acordo com PARRA (2000), os estudos relacionados à biologia de insetos são fundamentais para fornecer subsídios a programas de Manejo Integrado de Pragas. Além de conhecer as características biológicas do inseto, é de fundamental importância manter colônias em laboratório, para que os estudos possam ser realizados continuamente, sem a dependência da sua ocorrência natural no campo. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da concentração do fertilizante advindo de dejetos de suínos, em alguns aspectos biológicos do inseto-praga S. cosmioides. Metodologia O experimento foi conduzido nos campos experimentais e no Laboratório de Criação de Insetos (LACRI) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA Milho e Sorgo) em Sete Lagoas, Minas Gerais, Brasil (19° 28’ 00’’ S e 44° 15’ 00’’ W). Uma área de aproximadamente um hectare, denominada área de cultivo orgânico (área total de aproximadamente 20 hectares, onde há mais de 15 anos são conduzidos experimentos com milho orgânico) foi isolada de outras áreas de cultivo por cerca de 1000 metros e distanciada umas das outras por 300 metros. Sementes de minimilho convencional (BR 106) foram plantadas nesta área, via plantio direto, sem aplicação de produtos químicos e em seis diferentes concentrações de composto orgânico (dejetos de suíno): 50, 150, 0, 100, 200, e 250 t ha-1, respectivamente. As lagartas recém eclodidas de S. cosmioides, foram obtidas da criação de manutenção do LACRI e foram individualizadas em copos de plástico de 50 mL, vedados com tampas de acrílico, totalizando 146 larvas. O delineamento experimental foi inteiramente casualisado sendo os tratamentos representados pelas diferentes concentrações do adubo orgânico, e as repetições pelas larvas de S. cosmioides (24 por tratamento). As folhas de milho foram coletadas de acordo com o tratamento e oferecidas ad libitum às larvas, sendo trocadas a cada 24 horas durante todo o período larval. Os parâmetros avaliados foram: biomassa das larvas a partir dos 16 dias e 23 dias. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (anova) através do programa Sisvar (Ferreira, 2000) e as médias comparadas pelo teste de Tukey. Resultados A biomassa das larvas na primeira pesagem foi semelhante nos tratamentos com 100, 200 e 0 t ha-¹ . Já primeiro tratamento 50 t ha-¹ foi diferente do tratamento dois e seis (150 e 250 t ha-¹, respectivamente). Na segunda pesagem o peso das larvas de S. cosmioides foi semelhante entre tratamentos. Verificou-se que entre os maiores pesos foram quando as larvas se alimentaram de plantas cultivadas com 150 e 250 t ha-¹ de composto enriquecido com dejetos de suíno. Entretanto o menor peso foi o de 50 t ha-¹. Ou seja, em maiores concentrações a um melhor desenvolvimento das larvas em termos de biomassa. Levando em consideração que o peso é indicativo dos nutrientes e da energia armazenados, que podem influenciar na procura para cópula, vôo de dispersão e fecundidade (Nordlund & Greenberg, 1994; Thompson, 1999), maiores concentrações deram as larvas maiores ganhos de peso e futuras melhores resultados para sua dispersão e infestação. Agradecimento Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), o apoio concedido. Bibliografia Citada Bertels, A. 1953. Pragas de solanáceas cultivadas. Agros 6: 154-160. BONILLA, J. A. Fundamentos da agricultura ecológica: sobrevivência e qualidade de vida. São Paulo: Nobel, 1992. CHARBOUSSOU, F. Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos: a teoria da trofobiose. Porto Alegre: L&PM, 1987. FERREIRA, D. F. 2000. Sistema SISVAR para análises estatísticas: manual de orientação. UFLA, Lavras, 37p. GALINAT, W. C.; LIN, B. Y. Baby corn: Production in Taiwan and future outlook for production in the United States. Economic Botany, New York, v. 42, n. 1, p. 132-134, Jan./Mar. 1988. GREBUS, M.E.; WATSON, M.E.; HOITINK, H.A.J. Biological, chemical and physical properties of composted yard trimmings as indicators of maturity and plant disease suppression. Compost Science & Utilization, v.2, n.1, p.57-71, 1994. IGUE, K.; PAVAN, M.A. Uso eficiente de adubos orgânicos In: SIMPÓSIO SOBRE FERTILIZANTES NA AGRICULTURA BRASILEIRA, 1., Brasília, 1984. Anais. Brasília, 1984. p.383-418. KIEHL, J.E. Fertilizantes orgânicos. Piracicaba: Agronômica Ceres, 1985. 492 p. LEKAGUL, T.; PERNMAMKHONG, S.; CHUTKAEW, C.; BENJASIL,V. Field corn variety for young ear corn production. National Corn and Sorghum Program Annual Report, Bangkok, v. 13, p. 201-205, 1981. MAYNARD, A.A. Sustained vegetable production for three years using composted animal manures. Compost Science & Utilization, v.2, n.1, p.88-96, 1994. MILES, C.; ZENS, L. The web of Science. Washington: Washington State University, 1998. Disponível em: . Acesso em: 05 set. 2011. NORDLUND, D. A., GREENBERG, S. M. 1994. Facilities and automation for the mass production of arthropod predator and parasitoids. Biocontrol News and Information, v. 4, p. 45-50. PARRA, J. R. P. A biologia de insetos e o manejo de pragas: da criação em laboratório à aplicação em campo. In: J. V. C. GUEDES, I. D. DA COSTA, E. CASTIGLIONI (ed.), Bases e Técnicas do Manejo de Insetos. Santa Maria: UFSM/CCR/DFS. P. 1-29. 2000. PEREIRA FILHO, I. A.; FURTADO, A. A. L. Minimilho: mais uma opção para o produtor brasileiro e para a indústria de conservas alimentícias. In: CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO, 23., 2000, Uberlândia. Palestras... Sete Lagoas: ABMS/Embrapa Milho e Sorgo/Universidade Federal de Uberlândia, 2000. CD-ROM. Santos, G.P., G.W. Cosenza & J.C. Albino. 1980. Biologia de Spodoptera latifascia (Walker, 1856) (Lepidoptera: Noctuidae) sobre folhas de eucalipto. Rev. Bras. Entomol. 24: 153-155. Silva, A.G.A., C.R. Gonçalves, D.M. Galvão, A.J.L. Gonçalves, J. Gomes, M.N. Silva & L. Simoni. 1968. Quarto catálogo dos insetos que vivem nas plantas do Brasil, seus parasitos e predadores. Rio de Janeiro, Ministério da Agricultura, Tomo 1, Parte II. THOMPSON, S. N. 1999. Nutrition and culture of entomophagous insects. Annual Review of Entomology, v. 44, p. 561-592.